PROGRESSISMO ESTATAL vs PRIVADO: QUEM PAGA A CONTA?
Boicotar a Disney é uma coisa, mas e quando seu dinheiro é usado contra você?
A Disney enfrenta uma crescente rejeição dos fãs, refletida no excesso de mercadorias não vendidas, especialmente produtos do filme Wish e itens relacionados ao Mês do Orgulho LGBTQ+, disponíveis em outlets e lojas para funcionários, como a Cast Connection. Wish (lançado em novembro do ano passado), que deveria celebrar os 100 anos de animação da Disney, tornou-se um dos maiores fracassos da empresa, arrecadando apenas US$ 255 milhões e gerando uma perda de mais de US$ 131 milhões. Críticas apontam que o filme falhou por inserir ativismo político em sua narrativa, o que desagradou tanto críticos quanto o público.
Cultura de Medo
Fontes dentro da Disney revelam que a pressão para contratar funcionários com base em identidade de gênero ou etnia, em vez de talento, gerou descontentamento e frustração entre animadores experientes, alimentando uma cultura de medo na empresa.
“Não quis ser desrespeitoso, mas como eu poderia adivinhar?”
Eu mesmo já ouvi um relato de um amigo que trabalha na Disney e foi repreendido administrativamente por ter "se confundido" ao se referir a um colega de trabalho como "Sir" [senhor]. Segundo meu amigo, “o homenzarrão, ainda que vestido com roupas masculinas, se achava mulher” e “deu queixa dele”. “Não quis ser desrespeitoso, mas como eu poderia adivinhar?” - lamentou meu amigo, que desde então busca outras oportunidades de trabalho fora da Disney.
Esse tipo de situação levanta dúvidas sobre o futuro da Disney: a empresa revisará sua estratégia de promover políticas de identidade em seus filmes e parques temáticos para evitar perdas financeiras ou continuará insistindo nesse direcionamento, mesmo com as críticas e a queda nas vendas? Casos como o do filme que eu carinhosamente chamei de Branca de Neve e os 7 Maloqueiros [já escrevi sobre o assunto aqui], onde os anões foram inicialmente removidos e depois reintegrados devido à polêmica e ao risco de prejuízo, sugerem que a Disney pode ser forçada a reconsiderar sua abordagem.
Executivos e acionistas constantemente temem fracassos financeiros: os primeiros porque seus empregos estão em jogo e os últimos devido ao valor de suas ações e ao retorno sobre seus investimentos, que dependem diretamente do sucesso comercial das empresas nas quais investem.
Além disso, quando decisões corporativas, como a inserção de ativismo político em narrativas de filmes, não são bem recebidas pelo público, isso pode resultar em queda nas vendas e prejuízos, aumentando ainda mais o risco para os investidores.
Torneiras abertas no regime Lula
Já no Brasil, isso não parece ser um problema porque a aposta é com o dinheiro dos outros.
Segundo matéria publicada pela Revista Oeste, o “governo” [aspas minhas] Luiz Inácio Lula da Silva, enfrentando um rombo de R$ 68,7 bilhões no primeiro semestre, anunciou a liberação de R$ 800 milhões para o setor audiovisual. A decisão foi tomada pelo Ministério da Cultura e pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) após uma reunião do Comitê Gestor do Fundo Setorial de Audiovisual. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou que os recursos serão direcionados a editais para a seleção de filmes e séries para cinema, televisão e plataformas de streaming.
Os projetos contemplados devem atender a critérios de regionalização e diversidade, alinhando-se às necessidades do setor. A gente conhece muito bem esse papo. A única diversidade que terá projetos aprovados pela burocracia militante será a “diversidade permitida”. Não é de hoje que o cinema é a ferramenta favorita das ditaduras para conquistar corações e mentes.
O jornalismo e o cinema, nesses casos, andam de mãos dadas. O primeiro manipulando as notícias, o segundo, a imaginação e as emoções. Para se proteger do primeiro, basta recorrer aos fatos e fontes primárias, mas contra o segundo a coisa se complica. As técnicas e ferramentas do cinema vêm sendo desenvolvidas ao longo de mais de um século e, quando bem utilizadas, fazem o espectador cair em uma teia emocional cuidadosamente desenhada, com um único objetivo final: plantar idéias. O princípio não é tentar enfiar uma árvore na mente de alguém, algo que pode gerar rejeição, mas plantar uma semente, que se desenvolverá e parecerá ser uma idéia original, sem restrições futuras.
Divaguei. Voltando ao regime Lula. A ministra Menezes destacou a importância de uma política que escute e acolha as demandas do audiovisual. A reunião também abordou novas linhas de apoio às TVs públicas, enfatizando a intenção do governo de reforçar o apoio ao setor em um momento de dificuldades financeiras. Essa iniciativa levanta discussões sobre o papel do patrocínio estatal e as políticas de investimento que, no Brasil, frequentemente não se alinham com as expectativas do mercado, mas sim com as dos “amigos do rei”, resultando desde sempre na insustentabilidade do setor e em um audiovisual panfletário.
O Povo Sem Poder
O contraste com a situação da Disney é o seguinte: quando o financiamento vem de canetadas, com recursos estatais e interesses políticos, os investidores, no caso os pagadores de impostos, não têm o poder de acionistas para pressionar as decisões da empresa, o que pode levar a uma menor responsabilidade financeira e, potencialmente, ao desperdício de recursos. A pecha de “mamadores de Lei Rouanet” que é atribuída a alguns artistas e produtores culturais não é infundada. O aparelhamento do Estado em todos os gargalos de recursos é inegável.
Trocando em miúdos, eu já vi esse filme, que "não vale a pena ver de novo": se a grana não evaporar desde os cofres públicos até alcançar alguma tela, podemos aguardar uma enxurrada de filmes de “propaganda”, implícita ou explicitamente avançando pautas revolucionárias que subvertem a realidade e beneficiam a ditadura mascarada de democracia onde o Brasil se afunda cada vez mais.
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