Por que o novo Coringa fracassou?
O desconforto visível de Joaquin Phoenix gerou um debate online
Durante a estréia de "Coringa: Folia a Dois" (Joker: Folie à Deux) no Festival de Cinema de Veneza, a frustração do ator Joaquin Phoenix foi notável e rapidamente se tornou o centro das atenções. Um vídeo viral capturou uma conversa desconfortável entre Phoenix e sua co-estrela Lady Gaga, onde fãs especularam que Phoenix teria descrito o filme como "horrível", particularmente insatisfeito com o final. Não posso afirmar se são “especialistas” ou entusiastas de leitura labial, mas os adeptos ou interessados nessa atividade sugeriram que Phoenix comentou que "o final poderia ter sido diferente", algo com que Gaga discordou, afirmando que adorava o desfecho.
Essa breve troca de palavras e o desconforto visível de Phoenix geraram um debate online, com muitos acreditando que ele estava descontente com o corte final do filme. A recepção péssima do filme e seu desempenho muito abaixo do esperado nas bilheterias reforçam essa idéia, já que Coringa 2 não dá sinais de que conseguirá passar nem perto do sucesso comercial e crítico do primeiro filme. Até o momento em que escrevo essas linhas o site “Rotten Tomatoes”, referência em crítica de cinema, aponta meros 32% de aprovação tanto da crítica quanto do público, números pífios para qualquer filme, quiçá uma superprodução.
Ao ver a reação do próprio ator, do público e da crítica não pude deixar de lembrar de Dennis Prager, comentarista conservador e fundador da PragerU. Em um dos vídeos de Prager ele descreve sua visão sobre a arte e a distinção entre "arte" e "expressão pessoal". Para ele, a verdadeira arte deve transcender o artista e buscar padrões objetivos de beleza e inspiração que toquem a alma humana. Ele critica a arte moderna, que muitas vezes valoriza a expressão pessoal e se torna um veículo para agendas políticas e ideológicas, perdendo a profundidade e a qualidade que deveriam caracterizar a verdadeira arte.
O filme com Joaquin Phoenix representa essa tendência moderna, onde personagens como o Coringa são retratados não como vilões simples, mas como vítimas de uma sociedade injusta. Esse tipo de narrativa é resultado direto do marxismo cultural, que coloca o foco na luta do indivíduo contra sistemas opressivos, apresentando os antagonistas como produtos das injustiças sociais. Em vez de explorar a complexidade do mal como um conceito universal, essas histórias se tornam ferramentas para promover agendas políticas que culpam a sociedade em vez de desenvolver os personagens de forma significativa.
Essa desconexão entre os criadores e as expectativas reais do público frequentemente resulta em fracassos comerciais. Quando diretores e roteiristas priorizam narrativas ideológicas em vez de contar histórias envolventes e universais, o impacto emocional diminui. O público, que busca entretenimento que o desafie e o emocione, muitas vezes se depara com narrativas pseudo-didáticas que priorizam o comentário social acima do desenvolvimento dos personagens e do enredo. A crítica de Prager aponta para essa falha na arte moderna, onde a "expressão pessoal" substitui a verdadeira arte. É uma boa fórmula, se o seu intuito é o insucesso e o ostracismo.
Infelizmente essa artificialidade domina a cultura atual. A verdadeira arte captura as complexidades da condição humana e explora verdades atemporais, mas, em vez disso, o que se vê em muitas obras contemporâneas é uma promoção de visões de mundo estreitas e artificialmente construídas. Esse fenômeno reflete o zeitgeist atual, em que a arte é instrumentalizada para engenharia social e controle do pensamento, afastando-se de seu propósito original de conectar-se emocional e intelectualmente com o público.
Quando o artista usa sua obra para empacotar um discurso político a obra fica rasa, panfletária chata pra cacete! O triste e vermos um filme, que tinha tudo para ser um sucesso, se perder em uma armadilha tão trivial. Acredito que o cinema brasileiro esteja muito contaminado por esse tipo de obra, e por isso, de forma geral, é tão chato. Quando os cineastas se propõe a contar uma história boa, geralmente, é sucesso. E não faltam exemplos. Muitas vezes nem precisa ser uma grande produção. E triste ver o cinema mergulhado nessa "bobajada", talvez seja por isso que é tão difícil encontrar um filme que cative nossa mente atualmente.